Esta semana recebi um e-mail que gostaria de dividir com vocês.
Ele fala sobre o “lugar certo” e me tocou muito, porque muitas vezes quando nós nos sentimos perdidos ou não estamos muito contentes com o rumo da nossa vida, passamos a olhar para a vida do outro e passamos a acreditar que é muito melhor do que a nossa.
“O dia havia apenas amanhecido e o agricultor solitário já estava capinando a lavoura. Aquele seria como outros tantos: um dia de trabalho árduo, de sol a sol. Ele sulcava o solo e, ao mesmo tempo, pensava na vida… Como era difícil sua luta diária para sustentar a família. Algumas vezes se surpreendia questionando a justiça divina, que o escolhera para o trabalho duro, enquanto privilegiava outros com tarefas leves e agradáveis.
O sol já ia alto quando ele, cansado, tirou o chapéu e limpou o suor que escorria pelo rosto. Apoiou o braço sobre o cabo da enxada e se deteve a olhar ao redor por alguns instantes. Ao longo podia-se ver a rodovia que cruzava as plantações e ele avistou um ônibus. Imediatamente pensou consigo mesmo: ‘vida boa deve ser a daquele motorista, que trabalha sentado e sem muito esforço. Conduz muita gente a vários destinos, não toma chuva nem sol e ainda, de quebra, deve ouvir uma música para se distrair’.
De fato, o motorista trabalha sentado e não está sujeito a intempéries. Todavia, o motorista de ônibus, ao ser ultrapassado por um carro, começou a pensar de si para consigo: ‘vida boa mesmo deve ser a desse executivo: dirige um carrão de luxo, não tem patrão para lhe cobrar horários, nem tem que passar dias na estrada como eu, longe de casa e da família’.
No entanto, logo a frente, o executivo pensava em como era difícil a sua carreira diária: as preocupações com os negócios, as viagens longas, as reuniões intermináveis, o salário dos empregados no final do mês, os impostos, aplicações, investimentos, e outras tantas coisas para resolver.
Mergulhado em seus pensamentos, olhou para o céu e avistou um avião que cruzava os ares. Disse como quem tinha certeza: ‘vida boa é desse piloto de avião, pois conhece o mundo inteiro de graça, não precisa enfrentar esse trânsito infernal e o salário é compensador’.
Dentro da cabine da aeronave estava um homem a pensar nos seus próprios problemas: ‘como é dura a vida que eu levo: passo semanas longe da esposa, filhos e amigos; vivo mais tempo no ar do que no solo e, para agravar, estou sempre preocupado com as centenas de pessoas que viajam sob a minha responsabilidade’.
Neste instante, um ponto escuro no solo lhe chamou atenção. Observou atentamente e percebeu que era um homem trabalhando na lavoura. Exclamou para si com certa melancolia: “Ah! Como eu gostaria de estar no lugar daquele homem, trabalhando tranquilamente em meio a vegetação e ouvindo o canto dos pássaros, sem maiores preocupações e, ao final do dia, voltar para casa, abraçar a esposa e os filhos, jantar e repousar serenamente ao lado daqueles que tanto amo. Isso sim é que é uma vida boa!’.”
No final do texto, o autor faz a seguinte citação: “Deus sabe qual é o melhor lugar para cada um de seus filhos, do que necessitamos para evoluir e que lições devemos aprender”. Por essa razão, todos nós estamos no lugar correto, com as pessoas certas.
O “lugar certo” é aquele que escolhemos e nos fazemos nele, que mentalizamos e construímos para nós no dia-a-dia, é aonde materializamos a nossa história, com nossas idéias e nossos sonhos.
Devemos buscar e desejar o melhor, enxergar com os olhos do coração e perceber este “lugar certo” dentro de nós, e jamais fora. O seu lugar está dentro de você, no mundo que você criou. O autoquestionamento, o autoconhecimento e a autopercepção, fazem do seu lugar o melhor lugar do mundo.
Viver é um grande desafio a inteligência humana, é a capacidade do homem de florescer no lugar exato em que foi plantado.
Myriam Durante
Psicoterapeuta e hipnóloga