Medo é um sentimento de grande inquietação ante a noção de um perigo real ou imaginário. É uma reação protetora e saudável ao ser humano.
Quem de nós já não sentiu ou sente medo de alguém, de alguma situação ou de si mesmo? Por exemplo: é tarde da noite, você está sozinho assistindo tv quando uma porta bate. Não dá outra! O coração dispara, os músculos se enrijecem e todos os sentidos ficam alertas. Alguns segundos depois, quando percebe que era só o vento, e não um acontecimento incomum, é que você volta a relaxar.
Isso acontece porque em momentos de perigo iminente seu cérebro aciona um mecanismo que tem o objetivo de torná-lo mais apto a fuga ou ao combate, a fim de preservar a vida. O gatilho que dispara esse circuito é um velho conhecido: o medo.
Geralmente existe um tipo de medo para cada fase de vida:
- Na infância: o medo do escuro, do bicho-papão, da morte da mãe e do pai, de ser filho adotivo… A imaginação constrói, avoluma e, por vezes, aprisiona, tornando o monstro debaixo da cama capaz de nos engolir a qualquer momento.
- Na adolescência: O medo de não usar a roupa certa no primeiro dia da escola, de ser o último a beijar na boca, de não ser popular, de engordar, de ter o rosto cheio de espinhas, de não passar no vestibular, de dirigir, dos pais se separarem, etc.
- Na maturidade: O medo de não casar, de ter filhos e não saber cuidar deles, de não conseguir comprar a casa própria, de ficar desempregado, de não ter amigos, de não ter sucesso profissional, de se separar, etc.
- Na velhice: O medo de ficar doente, de não ter tempo para conviver com seus netos, de morrer, de perder a memória, de ficar só, de depender dos outros…
No dia a dia somos colocados diante de várias situações em que precisamos decidir entre encarar ou parar. Às vezes desistimos pelo receio de lidar com o incerto em grau menor ou maior.
Todo mundo teme algo: assaltos, aviões, sequestro, dor, etc. Mas é claro que a intensidade do medo é intensificada pelo histórico de vida de cada um.
São muitas as histórias de pessoas que vão para uma reunião ou apresentação com tudo na ponta da língua, mas que na hora H mal conseguem balbuciar uma palavra. E quando aquela sua grande ideia, que você não teve coragem de apresentar, é finalmente sugerida por um colega e saudada por todos como a grande solução do problema. Você pensa: Por que eu não falei?
Não falou porque teve medo. Medo das coisas que você imaginou que poderia acontecer, de não gostarem da sua ideia, de que o considerassem incompetente ou do vexame. O problema não é o medo, é não saber administrar esse sentimento. Porque não há nada de errado em sentir medo, trata-se, aliás, de um sentimento fundamental na vida do ser humano. Até o medo de errar é natural. É o medo de sermos atropelados, por exemplo, que nos faz olhar para os dois lados da rua antes de atravessá-la.
O problema é quando ele se torna exagerado, a ponto de começarmos a declinar demais sem perceber, colecionando uma série de desistências, que ao longo do caminho geram uma grande frustração, insegurança, baixa auto-estima e mais medo.
É nesse estágio que o medo deixa de ser um sentimento primário (como o amor e a raiva) e torna-se algo mais complexo, que necessita de cuidados. Então, que tal fazer um balanço dos medos que o incomodam, até mesmo os menores? Reconhecê-los é o primeiro passo.
Myriam Durante
Psicoterapeuta e hipnóloga