GQ Globo.com - Mau humor é doença?



Data: Dec 28, 2013   |   Cathegory: Press



Em 28/12/2013, o Portal GQ da Globo, publicou a matéria ” Mau humor é doença?” da psicoterapeuta e hipnóloga Myriam Durante. Confira!

Mau humor é doença?
Passou 2013 muito irritado? Cuidado, isso pode ser uma doença!

Os males da vida moderna são vários e conhecidos: trânsito, barulho, poluição, violência, inflação, o tempo cada vez mais curto, a pressão do trabalho, cobranças da família, o estresse do dia-a-dia… Mesmo assim, não é normal passar o tempo todo reclamando de todas as coisas ao redor, se esquecendo do que a vida oferece de melhor.

Se o seu mau humor é frequente de uma maneira quase desesperadora, há grandes chances de isso ser algo mais sério do que você imagina: uma doença real, que atrapalha a sua convivência social e que precisa sim de um tratamento adequado.

Segundo informações da Organização Mundial de Saúde (OMS), 3% da população mundial – cerca de 180 milhões de pessoas – sofre de um distúrbio psicológico, a chamada distimia.  Se ultimamente você tem se sentido desanimado, triste, sem energia, irritado, com estima baixa e com dificuldades para dormir, fique alerta: você pode fazer parte dessa estatística.

Para entender melhor o assunto, conversamos com duas especialistas, a psicoterapeuta holística Myriam Durante e a psicóloga Camila Lameira. Elas explicam os sintomas, identificam as causas, descrevem os tratamentos e dão dicas para o bem estar.

SINTOMAS

O mau humor frequente é uma característica dos transtornos de humor, que incluem depressão, distimia e transtorno bipolar. “O sintoma principal é a irritabilidade, mas existem outros fatores, como baixa auto-estima, desânimo, tristeza, predominância de pensamentos negativos, alterações do apetite e do sono, além de falta de energia pra agir, isolamento social e até mesmo tendência ao uso de drogas lícitas, ilícitas e tranquilizantes”, diz a psicoterapeuta Myriam Durante.

CAUSAS

Segundo a psicóloga Camila Lameira, as pessoas podem apresentar sintomas relacionados ao estresse de forma diferenciada, pois a vulnerabilidade varia de acordo com a estrutura psíquica de cada indivíduo. “As mudanças de  humor dos homens pode ser resultado da queda súbita dos níveis do hormônio masculino, a testosterona”.

Existem outras causas determinantes que afetam o humor: 10% são as circunstâncias da vida, isto é, acontecimentos felizes ou não, 50% é genética e 40% são as atividades intencionais. Entre estas atividades estão ser otimista, focar nas metas pessoais, cultivar relação com outras pessoas, práticas espirituais e ações relacionadas com o corpo.

DISTIMIA

A distimia é uma palavra que vem do grego. Significa mau humor e durante muito tempo foi usada para caracterizar a pessoa mal humorada, que está sempre irritada e de mal com a vida. Hoje em dia o termo já é empregado para assinalar um distúrbio. “Na verdade a distimia é um tipo de depressão crônica de moderada intensidade e que se manifesta já na adolescência. Por ter sintomas mais leves do que a depressão, às vezes leva mais tempo para as pessoas procurarem tratamento” afirma Myriam.

Diferente da depressão, que se instala subitamente, a distimia não tem essa marca brusca de ruptura. Nela, o mau humor é constante. Os portadores do transtorno são pessoas de difícil relacionamento, com baixa estima e elevado senso de autocrítica. “Estão sempre irritados, reclamando de tudo, só enxergam o lado negativo das coisas e, na maior parte das vezes, tudo fica por conta de sua personalidade e temperamento complicado” diz Camila.

TRATAMENTO

É possível conseguir bons resultados com a psicoterapia, que vai trabalhar os padrões de pensamentos, comportamentos, sentimentos e reações fisiológicas, mas em alguns casos apenas a psicoterapia não surte o efeito desejado. Nesse caso recomenda-se a combinação de psicoterapia e antidepressivos, um tratamento ideal para aliviar os sintomas da distimia.

O problema atinge uma série de neurotransmissores em regiões do cérebro que comandam o humor, como sistema límbico, o hipotálamo e o lobo frontal. “Os remédios ajudam a reestabelecer o equilíbrio da célula que conduz a transmissão de uma célula nervosa (neurônio) para outra, e está relacionada aos transtornos do humor, ou transtornos afetivos, como a serotonina” explica Myriam.

A prática regular de exercícios físicos também está associada à melhora de diversas funções cognitivas, como memória e raciocínio, além de atuar também como um excelente ansiolítico e antidepressivo. A liberação de endorfina e serotonina em atividades esportivas são comprovadamente importantes também para o humor, além de melhorar a auto-estima.

ALIMENTOS COMO ALIADOS

Estudo mostra que determinados alimentam afetam o humor e podem até causar o bem estar, além de aumentar a produção do neurotransmissor serotonina. A psicoterapeuta Myriam nos listou alguns desses alimentos:

Alface – Ótima para amenizar a irritação. O talo tem lactucina, substância que funciona como calmante, e é rica em folato. A falta desse elemento no organismo causa depressão, confusão mental e cansaço.

Banana – Pode acreditar: essa fruta tão comum em terras brasileiras diminui a ansiedade e ajuda a garantir um sono tranqüilo. Ela tem esses poderes por ser rica em carboidratos, potássio, magnésio e biotina, e também dá o maior pique porque possui a vitamina B6, grande fonte de energia.

Carne – Esse alimento possui niacina, uma vitamina do complexo B que, quando está em falta no organismo, causa depressão. Também é rica em ferro e cobre, que combatem a anemia e transportam o ferro. O zinco, presente em sua composição, é antioxidante: combate os radicais livres e retarda o envelhecimento. Além disso, seus aminoácidos fazem o cérebro funcionar melhor.

Espinafre – A verdura contém potássio e ácido fólico, que previnem a depressão. Além disso, espinafre tem magnésio, folato e vitaminas A, C e do complexo B, que ajudam a estabilizar a pressão e garantem o bom funcionamento do sistema nervoso.

Laranja – Rica em vitamina C, cálcio e vitaminas do complexo B, a laranja ajuda o sistema nervoso a trabalhar adequadamente. O cálcio presente em sua composição é um relaxante muscular e combate o stress. E essa fruta ainda é energética, hidratante e previne a fadiga.

Leite – A falta de vitamina do complexo B pode acabar com seu bom humor. Além de estarem presentes no leite, essas substancias também são encontradas nas ervilhas, sementes de girassol, batata e peixe. Leite também tem cálcio – que ajuda a relaxar os músculos – e proteínas, que estimulam o sistema nervoso.

Uva – Essa fruta tem uma boa dose de vitaminas do complexo B, que ajudam no funcionamento do sistema nervoso. A vitamina C e os flavonóides da uva são antioxidantes, que retardam o envelhecimento da pele e ajudam a combater o colesterol. Além disso, são energéticos.

Tenha um tempo para você

“Estabeleça metas, faça uma lista das suas prioridades, dê um passo de cada vez e estabeleça metas mais realistas, assim você não desanima ou desiste antes de alcançar. Comece a meditar todos os dias, dedique meia hora do seu tempo apenas para você, pode ser o horário que você quiser. No começo, pode parecer difícil, por isso, pratique e seja paciente. Insista. Com a repetição você irá alcançar camadas cada vez mais profundas, até alcançar o nível de paz interior e tranquilidade onde acontece a mudança e a transformação” finaliza Myriam.

Sobre Myriam Durante: www.myriamdurante.com.br

Confira a matéria original: http://gq.globo.com/Corpo/Saude/noticia/2013/12/mau-humor-e-doenca.html